quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Luto pela ÉTICA

A palavra da vez é a Ética, mas nesta postagem quero ressaltar esta característica indispensável no caráter de um operador de Direito.
Quanto mais estudo, sim, ainda estou caminhando pelo 2º ano do curso de Direito e conheço as pessoas desta área, mais me deparo com a falta de caráter dos profissionais da área.
Não posso ser cega e ignorante, ao afirmar que é mais fácil um político entrar no reino dos céus, que um advogado.
A falsidade no olhar, o sorriso amarelo, a ambição, a corrupção, são fáceis de detectar nos corredores dos fóruns de todo Brasil, quiçá do mundo.
A mentira é a companheira daqueles que se julgam detentores da Lei, e defensores da Constituição.
Lembro que um professor uma vez disse: É impressionante que os primeiros que fazem errado, no ramo do Direito do Trabalho, são os escritórios jurídicos. Os escritórios que deviam dar exemplo, não dão! Hei de concordar! Fácil verificar por aí, tanta coisa errada, tanta falcatrua, tanta trapaça. Mas enfim, advogado que é advogado, se não tiver ética, dificilmente irá agir de forma correta.
E ainda me perguntam: Se você acha tudo isso, por que escolheu esta profissão? Respondo: Escolhi por que quero fazer parte da minoria que não foi para o lado negro da lei. E sem contar, que tudo na vida existe o lado positivo e negativo. E sei que a imagem negativa, não é da profissão, do curso, é do HOMEM. Já ouvi uma pessoa falar que estava fazendo o curso de Direito pra entrar para política e ganhar muito dinheiro. Oras, por que não faz Administração de Empresas, então? Este com certeza será mais um advogado que sujará a imagem dos profissionais bem intencionados.
Mas, a única coisa que sei é que a Ética Jurídica ofertada nas grades acadêmicas, principalmente aqui do Ceará, serve apenas para que a pessoa estude para acertar as 10 questões da prova da OAB e nada mais. Pois ou se nasce com ética ou não. Ninguém estuda, ninguém aprende a ser ético.Existem coisas que devem fazer parte do caráter e a ética jurídica e profissional é uma delas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Ortotanásia e o direito de morrer


Diante da sugestão deste tema, que por sinal, veio de uma pessoa que tem profunda influência sobre minha vida, hesitei, achei que não seria capaz de discorrer sobre algo tão complexo.
No entanto, durante alguns dias tentei estudar sobre esta Resolução, que nada mais é que, o momento que a pessoa, com sua doença, simplesmente resigna-se diante da falta de capacidade humana em curar e restabelecer a saúde.
Fechei meus olhos ao estudo, à leitura mais aprofundada, minha reação de um tema complexo foi transformá-lo em artigo científico. Porém, larguei mão deste artifício, pesquisadora ainda não sou, nem sei se tenho capacidade para tal. Talvez, amante da leitura e da arte de escrever, mas, catedrática científica estou longe.
"Transportei-me então para um hospital, senti uma luz enorme em meus olhos que chegou a arder, parecia que passei um mês com olhos vendados e abruptamente arrancaram o pano que tapava a minha visão. Ainda enxergava tudo embaçado, as imagens ainda não estavam nítidas  quando de repente, senti um frio imenso em minhas entranhas, meus ossos doíam, aliás, meu corpo todo doía  desde a falange dos dedos, até a última vértebra  Olhei para o meu lado, enxerguei um ente querido, apático, talvez tivesse dias sem dormir. Não posso dizer que não sabia o por quê de tudo aquilo, sim, estava consciente, estava morrendo, estava por um fio. Tantos anos se passaram e nada surtiu efeito. Sim, Deus estava me dando um sinal e me dando a  oportunidade de decidir em ficar ou decidir ir ao seu encontro.
Não consigo falar muito, mas consigo balbuciar algumas palavras, chamo a pessoa perto de mim e digo: - Quero ir para casa, meu último pedido...me leve para minha cama, deixe que eu fique lá, perto de vocês. Irei ao encontro de Deus perto da minha familia e não em um ambiente que só me traz recordações dolorosas. Após essas palavras tudo se apaga, adormeço. Cansei. Queria mesmo era não acordar e acabar com este suplício.
Não sei quantos dias se passaram, pois não tenho noção de tempo. Quando estamos em um hospital, não levamos um calendário e colocamos em nossa cabeceira, pois aí que os dias não passariam.
Acordo e sinto que algo está diferente, olho para o lado e vejo um porta retrato familiar, a foto da minha formatura, olho para frente e consigo assistir a televisão. Enfim, reconheço meu quarto. Que felicidade estar em casa. Agora posso terminar minha missão, agora posso retornar aos braços do Pai. Talvez, sinta mais dor do que se estivesse no leito de um hospital. Mas, não existe dor maior que estar longe de quem você ama e longe de casa."
Não teve decisão mais humana da Justiça Brasileira em conceder a Ortotanásia. Talvez, você que esteja lendo este texto, ainda vá contra esta decisão, julgue inconstitucional, seja positivista ao extremo. Mas, se transporte ao momento descrito acima e tente perceber que mais que inconstitucional é o ser humano ter um último pedido e não ser atendido. Onde estará o princípio da dignidade humana, se não em, ouvir e respeitar o desejo do próximo?
Só questione quando se colocar no lugar de quem sofre. Se mesmo assim, ainda achar que não foi a melhor decisão. Parabéns! Você é a única pessoa que conheço que gosta de não ter suas vontades atendidas.